A Hipocrisia Bolsonarista e a Tornozeleira de Bolsonaro
Nos últimos anos, os bolsonaristas se notabilizaram por um discurso inflexível sobre "lei e ordem", a defesa cega da punição severa a qualquer pessoa acusada de crime — especialmente os pobres, os periféricos e os opositores políticos. Não importava o devido processo legal, bastava uma suspeita para que muitos exigissem cadeia, algema e humilhação pública. “Bandido bom é bandido morto” era quase um lema.
Mas agora, com o ex-presidente Jair Bolsonaro obrigado pela Justiça a usar tornozeleira eletrônica, o que vemos? Os mesmos que clamavam por punição exemplar a qualquer suspeito estão revoltados, indignados, gritando perseguição política. De repente, o discurso mudou: agora o Judiciário é “injusto”, o sistema é “corrupto”, e a vítima passou a ser... o próprio Bolsonaro.
É aí que mora a hipocrisia. Porque quando é um jovem negro acusado de furto, a tornozeleira é motivo de escárnio. Quando é um adversário político, qualquer acusação vira certeza absoluta de culpa. Mas quando o atingido é o "mito", todos os princípios são esquecidos.
A verdade é simples: ou se defende a Justiça com coerência, ou se está apenas vestindo a moralidade como fantasia política. Quem defende o estado de direito só quando lhe convém, não defende a Justiça — defende privilégio.
E nesse caso, o que dói não é a tornozeleira no tornozelo de Bolsonaro, é o espelho que ela coloca diante de tantos seguidores. Porque ele, agora, é o que eles sempre disseram desprezar: um investigado com tornozeleira, prestando contas à Justiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário