É preciso falar sobre o crime :ABUSO SEXUAL na infância
Dados do Ministério da Saúde em 2019 sinalizam que
os casos de abuso sexual no Brasil predominam na infância e adolescência
(72% do total), sobretudo nas meninas (74% dos casos), com uma
ocorrência precoce (51% antes dos 5 anos de idade) e tendência à
repetição (42% são vítimas recorrentes).
Um dos principais mitos sobre os
abusos sexuais é a ideia da casa como um lugar protetivo, ao passo que a
rua e as pessoas desconhecidas são vistas como fatores de risco.
Contudo, a maioria dos abusos sexuais (70% do total) acontece no
ambiente familiar, em situações de consanguinidade ou proximidade.
Esta convivência diária com os seus agressores
mobiliza sentimentos de desamparo e medo nas vítimas e perpetua esta
violência, uma vez que em 1/3 dos casos o agressor abusou de outras
pessoas no mesmo contexto doméstico. Por isto, costuma-se dizer que o
abuso sexual não diz respeito somente ao agressor e à vítima, mas à
família inteira.
Outro mito se refere à suposta
incapacidade das pequenas vítimas em “falar a verdade”. No caso das
crianças, se diz que elas têm uma linguagem pouco desenvolvida e podem
mentir ou fantasiar sobre a violência; enquanto que uma acusação feita
por adolescentes é considerada suspeita porque eles teriam discernimento
para recusar o abuso sexual.
Ou seja, há uma dupla vitimização: dos abusos
sexuais e da incredulidade dos adultos. Isto concorre para que esta
forma de maus tratos seja uma das mais ocultadas, uma vez que a criança e
o adolescente têm medo de falar e os adultos temem ouvir.
Hoje,o humorista Marcelo Adnet revelou que sofreu dois
episódios de abuso sexual na infância, aos 7 e aos 11 anos. O humorista
relembrou os crimes cometidos por pessoas próximas da família e contou
que precisou fazer terapia para lidar com o trauma. Os parentes só
ficaram sabendo do ocorrido há dez anos, quando um dos abusadores
morreu.
“Na primeira, nem sabia o que era sexo. O
caseiro do lugar onde eu passava as férias começou a se aproximar de mim
e pedir favores. Ele me chantageava dizendo que, se contasse algo a
qualquer pessoa, meu cachorro morreria. Eu era muito ingênuo. Um dia,
quando só estávamos eu e ele em casa, foi para cima de mim. Senti uma
dor imensa, mas durou pouco porque meus parentes, que tinham ido ao
mercado, voltaram para buscar a carteira”, relatou Adnet, sobre o primeiro estupro, em entrevista à revista Veja desta sexta (10).
“Mais tarde, o pesadelo se repetiu com um amigo
mais velho da família. Ele não chegou a consumar o ato, como o caseiro,
mas me beijou e passou a mão no meu corpo. Foram dois episódios
difíceis”, complementou o artista.
Marcelo Adnet explicou ainda o motivo de ter
mantido em segredo os crimes dos quais foi vítima. Segundo ele, o trauma
o fez manter o silêncio diante até das pessoas mais próximas por vinte
anos.
“Para se ter uma ideia, só depois da morte
desse conhecido da casa, há cerca de dez anos, consegui contar à minha
família. Hoje, já falo de maneira natural porque entendi, após anos de
análise, que o constrangimento não é meu, e sim de quem me abusou. O que
fica disso é o susto, o trauma, a desconfiança”, afirmou o ator de 38 anos.
Fonte:https://www.pragmatismopolitico.com.br/2020/04/marcelo-adnet-revela-que-foi-estuprado-na-infancia-pesadelo-se-repetiu.html?fbclid=IwAR06PwzNPmpIU16-S2mFlSfSGNWpoZ_CfQXkwGWWbAHxFXYV-wMLro55PXU
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