domingo, 13 de maio de 2018

130 anos da Abolição da Escravidão no Brasil

Por Professora Doutora Maria Emília

Em 13 de maio de 2018 completamos 130 da abolição da escravidão no Brasil. Esse marco deve servir como um momento de politização da data e mais ainda como um momento de reflexão sobre as vivências dos homens e das mulheres de pele escura após o fim do cativeiro no país. O 13 de maio de 1888 e o seu porvir articula uma série de temporalidades, os tempos da escravidão e os tempos da liberdade. Ou ainda, como algumas pessoas e grupos queriam fazer persistir valores escravistas e outros, em sua maioria compostos por negros, queriam fazer valer os propósitos da cidadania e da liberdade. Enfim, foi um evento em que os significados foram disputados para por em prática determinados projetos políticos e de nação, no passado e no presente, mobilizando muitas vezes amplo segmento da opinião pública. Como, por exemplo, a
incorporação da ideia de democracia racial ainda compartilhada por variados segmentos da sociedade.
A Lei Áurea implementada em 1888 foi curta e não previu qualquer ressarcimento ou inclusão para as populações que ficaram bastante tempo alijadas do direito de ir e vir, da liberdade de credo e da cidadania.
O descaso do governo republicano criou para os milhares de ex-escravizados, muitos deles miseráveis, uma vida marcada por uma série de infortúnios, mas também produziu uma persistente luta dessas pessoas pela liberdade e por autonomia. As batalhas empreendidas ao longo da vigência da escravidão no Brasil, foram analisadas por uma farta historiografia dedicada ao assunto, indicando que a liberdade estava longe de ser uma “dádiva” concedida pela princesa, mas, foi fruto de uma conquista muito dura de manter. Além disso, as pesquisas sinalizam que as histórias das populações egressas do cativeiro também foram marcadas por criatividade, inteligência, solidariedade e projeto de futuro.
Com a Abolição algumas mudanças ocorreram na vida da população de pele escura, mas ao mesmo tempo é perceptível a manutenção das desigualdades. A continuidade pode ser observada com a naturalização da subalternidade e exclusão experimentada cotidianamente pelas negras e pelos negros, basta ver o público que frequenta os restaurantes chics e as universidades. Essas permanências do tempo da escravidão se explicam, em parte, pelo fato do Brasil ter sido o último país a proibir o sistema de exploração do trabalho forçado.
Ao escrever esse texto a minha ideia é de me juntar a outros intelectuais e politizar a data, a qual foi pelo Movimento Negro Unificado (MNU) questionada por razões legítimas para a luta empreendida entre nas décadas de 1970 e 1980. Fazendo o movimento eleger outra data – o 20 de novembro – para produzir um marco e uma memória de luta em outros termos. Ao produzir uma reflexão crítica do 13 de maio é possível discutir como o passado ainda se faz presente e como nossa sociedade é partida e hierarquizada fortemente a partir do recorte racial que tenta colocar a população negra à margem da sociedade.
Professora Doutora Maria Emilia Vasconcelos
Professora do Departamento de História da UFRPE
Resultado de imagem para 130 da abolição da escravatura
A imagem pode conter: Maria Emília, sorrindo, árvore

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Belo Jardim: Desafios econômicos

Belo Jardim: Desafios e Potenciais da Economia no Coração do Agreste Belo Jardim, cidade localizada no Agreste pernambucano, com cerca de 76...