Feira Livre de BJ : Patrimônio Imaterial de nossa História
A Feira Livre: Força Motriz
primordial no desenvolvimento da cidade de BJ
O presente texto tem como
temática analisar a feira livre de Belo Jardim-PE e sua contribuição no
desenvolvimento da cidade, sabemos que o fenômeno das feiras é uma prática
herdada das Civilizações antigas, mesmo tendo se passado dois milênios, ainda há
principalmente nas cidades do interior de muitos países essa prática de
comercializar ao ar livre, porém foi durante a Idade Média que essa relação
econômica de troca e venda de produto se acentuou com os mercadores, ganhando
destaque em todas as Cidades das Civilizações modernas, conforme afirmou
Jacques Le Goff "na cidade, o dinheiro é rei". A mentalidade que reina é a
mentalidade mercantil, a mentalidade de lucrar cada vez mais e mais[1], é
a feira o epicentro por onde escoou toda produção dessa época.
Mesmo com o advento da modernidade,
as feiras continuam a existir, claro que atualmente ela não supre todas as
necessidades dos consumidores, as feiras foram importante ponto de partida para
o desenvolvimento de muitos centros urbanos, não só de comércio, mas também de
concentração e uma maior interação das pessoas que se reuniam regularmente pra
vender seus produtos e tecer relações. Lembrando que a feira também foi um meio
de trazer ao povo mais opções, uma vez que os mercados já não dispunham de
todos os itens utilizados pela população, como cita Huberman:
Os mercados eram
pequenos, negociados com os produtos locais, em sua maioria agrícola. As
feiras, ao contrário eram imensas e negociavam mercadorias por atacado, que
provinham de todos os pontos do mundo conhecido. A feira era o centro
distribuidor onde os grandes mercadores, que as diferenciavam dos pequenos
revendedores errantes e artesãos locais, compravam e vendiam as mercadorias
estrangeiras precedentes do oriente e ocidente, Nordeste e Sul[2].
Depois dessa breve contextualização
acima analisada, vamos nos debruçar sobre o surgimento das feiras livres no
Brasil. É fato histórico que a chegada dos portugueses aqui no séc. XVI foi
para nosso território um ponto de partida pra aculturação dos povos aqui
encontrados. Os Europeus aqui chegaram oficialmente a partir de 1500, porém no
período que vai de 1500 até 1537 no Brasil foram implantada as feitorias, isto
é, entrepostos comerciais ao longo da Costa brasileira, com o objetivo de dá
vazão ao primeiro produto daqui extraído e levado pra Europa, estamos falando
do Pau Brasil. Após esse período de feitorias, a partir de 1537 os Portugueses
temendo a tomada do território pelos invasores franceses e holandeses, deram
início a colonização, que vai de 1937 até 1822, junto com os colonos
portugueses, claro, foram trazidos inúmeros costumes: Culturais, políticos e
econômicos, dentre estes quando a colônia já era uma imensa e povoada Terra,
surge as primeiras cidades, como exemplo: Salvador, São Vicente, Santos, Recife
e Olinda, e nestes centros urbanos da Colônia surge no Brasil uma das ideias exportada da Europa: As feiras.
Assim as feiras livres passaram a
fazer parte da Colônia, império e República, sendo preservadas, algumas como a
Feira de Caruaru-PE, que é patrimônio Histórico imaterial reconhecida pelo
IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Trazendo
a discursão para o espaço geográfico, Belo Jardim-PE teve a partir de 1854 uma
feira livre, pois com o desenvolvimento urbano de Belo Jardim esteve vinculado
à expansão da lavoura e a pecuária, se observou a necessidade da instalação das
feiras, assim como os portos nas capitais, as feiras eram por onde escoava a
produção no interior, e assim passou a ser conhecida como uma das mais
concorridas do interior do Estado, sempre as Segundas-feiras (até os dias
atuais), o local onde se originou nossa feira foi uma localidade especifica e
reservada para esta finalidade na qual este local tinha por nome “Rua Quadro”,
endereço onde hoje se localiza a famosa Praça da Conceição, podendo desta maneira
trazer aos seus habitantes que aqui viviam um meio para gerar uma renda, tanto
para os que vendiam como para a própria localidade.
A feira livre foi um dos fatores que elevou
Belo Jardim a condição de Vila, ganhando em 1906 a linha férrea, a emancipação
só aconteceu em 1928, contudo quem por nosso Centro observa percebe que todo o
comércio se intensificou aos arredores da feira e posteriormente a ferrovia.
Sendo
nós belo-jardinenses, Durval Muniz analisa que (1999, p.29
apud Adilson Filho, 2009,p.38)
“o lugar no qual me vejo articulado sem, no entanto, me reduzir a ele. E
é este o lugar que deve ser questionado constantemente pelo especialista em
História[3].
Então sobre esse viés voltamos o olhar para uma análise
sobre a feira livre de Belo Jardim-PE e
sua evolução através dos mais de 160 anos que a mesma opera.
Texto: Belo Jardim Histórico
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ADILSON FILHO, José. A cidade atravessada, velhos e novos cenários da política
belo-jardinense, Recife: Comunigraf, 2009.
HUBERMAN, Leo. A
história da riqueza do homem. Rio de Janeiro: Ed. LTC, 2008.
LE GOFF, Jacques. O Homem Medieval.
Lisboa:Ed.Presença,1989.
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