domingo, 31 de março de 2024

Artigo: DITADURA 1985-1964 CENÁRIO, ASPECTOS E ELEMENTOS DO PERÍODO DITATORIAL EM BELO JARDIM-PE.

DITADURA 1985-1964: CENÁRIO, ASPECTOS E ELEMENTOS DO PERÍODO DITATORIAL EM BELO JARDIM-PE



INTRODUÇÃO

Faz-se necessário um olhar mais amplo da discursão da temática acima citada. Compreender como se desenrolaram as tramas até o golpe militar de 1964 ,a nível nacional e regional, torna a compreensão dos reflexos nos pequenos e médios centros mais lúcida. As diversas rupturas democráticas desde a fundação da República, bem como uma análise sobre as recorrências ao autoritarismo militar dentro das quebras democrática na História do Brasil. Há de se destacar o protagonismo do Estado de Pernambuco nos acontecimentos políticos dentro da história do Brasil, destacando a importância econômica que contribuiu para transformar seu território em resistências. Apesar da opressão, violência e vigilância do Governo Central as forças de Esquerda lideradas em diversos momentos por figuras históricas como, por exemplo, Gregório Bezerra e Francisco Julião marcaram as lutas pernambucanas em períodos autoritários no Estado, resistindo em todos os espaços, ocupando as Assembleias através do voto popular quando não impedidos de disputar cargos políticos, vencendo eleições para o executivo em Recife e para Palácio Estadual nas figuras de Pelópidas Silveira e Miguel Arraes.


Todos esses acontecimentos estão interligados no tempo e no espaço, por isso a partir do entendimento dos mesmos é possível analisar os métodos usados pelos grupos Galvão e Mendonça e traçar o perfil político, econômico, social e cultural de Belo Jardim entre 1964-1985. Dentro desta narrativa mencionamos o apoio incondicional dos Poderes Executivo e Legislativo operantes naqueles idos aos Militares Golpistas de 1964. As mudanças na infraestrutura da cidade a partir de 1964 são frutos do alinhamento dos grupos políticos no poder, Cintra no Executivo e José Mendonça na Assembleia Legislativa do Estado com aporte financeiro do governo central e de órgãos como a SUDENE. Reportamo-nos também à análise de discurso registrada nas Atas das sessões da Câmara de Vereadores dentro dos 21 anos da Ditadura, atestando o alinhamento do Legislativo e Executivo para com os Militares golpistas de 1964.

Os resultados desta pesquisa expõem sua relevância histórica para nossa sociedade e para à Academia. Por que a temática sai na vanguarda que aborda o período da Ditadura Militar em Belo Jardim. Ao se debruçar sobre esta leitura o leitor mudará seus conceitos, não só sobre o mito de que a “não existiu Ditadura em Belo Jardim”, mas observará que o misticismo construído em torno dos líderes daquele período, Cintra e José Mendonça, não passou de uma construção através do processo histórico que ambos construíram de se mesmos a fim de perpetuarem suas figuras como heróis do desenvolvimentismo experimentado entre 1964-1985. 

BELO JARDIM: CIDADE COM PERFIL POLÍTICO HISTÓRICO CONSERVADOR

A história política da cidade é marcada pela polarização de grupos, desde o período dos coronéis até os dias atuais, com abrangência maior durante a Ditadura Militar onde os patriarcas José Mendonça e Cintra Galvão dominaram a cena política marcada por disputas acirradas entre os mesmos. Governaram a cidade entre 1964-1985: Júlio Alves de Lira, eleito pela coligação PSD/PTB, Francisco Cintra Galvão, eleito pelo partido da ARENA II Sebastião Lopes, eleito pela ARENA I, contudo após contendas internas do grupo político migrou durante sua gestão para a ARENA II, Fábio Galvão (ARENA II) e Valdecir Torres (ARENA II), mais tarde, após a abertura democrática, Valdecir Torres disputa eleição em 1992 já pelo MDB. Com exceção de Júlio Alves, que era remanescente das castas dos coronéis, os demais governaram sob a batuta de Cintra Galvão.

A eleição de Cintra Galvão em 1968 marcou o fim do poderio dos velhos chefes locais no comando do poder, isto é, Arnaldo Maciel e Júlio Alves de Lira. A partir de então, Cintra inaugurou um “reinado” ininterrupto que perdurou até o ano 2000. Neste período foi prefeito em duas ocasiões, líder maior do seu grupo e eleito deputado Estadual em cinco ocasiões. José Mendonça foi perfilado politicamente no grupo de Júlio Alves de Lyra, enquanto Cintra Galvão chega neste grupo apadrinhado por José Mendonça. Apesar de Arnaldo Maciel e Júlio Alves não possuírem títulos de coronéis, ambos eram descendentes dos mesmos, enquanto que José Mendonça e Cintra Galvão são oriundos das classes populares, trajetória de ambos começou depois da chegada dos militares golpistas ao poder em 1964.

OS TEMPOS DA DITADURA EM BELO JARDIM-PE: JOSÉ MENDONÇA VERSUS CINTRA GALVÃO, NEM TÃO ADVERSÁRIOS ASSIM. 

Consolidado o Golpe Militar de 1964, Belo Jardim inicia uma nova fase de sua história política, que iria refletir sobre outras áreas, pois segundo José D’Assunção Barros “não existem fatos políticos, econômicos ou sociais isolados” , ou seja, uma gama de acontecimentos interligados. 

Em 1964 o comando do Poder Executivo em Belo Jardim estava com o então prefeito Júlio Alves de Lira, eleito para ocupar o cargo entre 1964-1968 e assim permaneceu até o fim do seu mandato. Curiosamente, a partir de 1964 a alternância que ocorria desde a Revolução de 1930, que se estendeu pelo Estado Novo chegava ao fim a partir de 1964. Desde então todos os prefeitos eleitos concluiriam seus mandatos sem nenhuma interrupção. A consolidação do golpe que poderia criar uma nova alternância não se repetiu nos idos da Ditadura 1985-1964. O que confirma de que os atores políticos que lideravam a cidade estavam alinhados com o comando da derrubada da Democracia.

Porém a presença do autoritarismo, a vigília e a exaltação da “Revolução” se fizeram presente nos espaços públicos e na esfera do poder Municipal. 

As pessoas que vivenciaram o Regime Militar costumam ligar à existência da mesma a repressão violenta, para eles se não houve tortura a Ditadura passou em branco por aqui, todavia a análise dos resultados desta pesquisa confirma a existência, bem como a presença da repressão, se não violenta, mas vigilante e simbolizada em Belo Jardim.

Belo Jardim, cidade com histórico conservador não se rebelara contra os Militares Golpistas de 1964, a partir do Golpe mudaram os líderes políticos partidários, bem como a origem dos mesmos. Estamos falando de José Mendonça e Cintra Galvão. E foram justamente esses dois personagens que protagonizariam as disputas políticas dentro do Regime Militar em Belo Jardim.

JOSÉ MENDONÇA BEZERRA: POLÍTICO DA ELITE, CONSERVADOR E BRAÇO FORTE DA DITADURA EM BELO JARDIM.

José Mendonça Bezerra apesar da origem simples não lhe faltou apadrinhamento até se tornar político de carreira.  O seu casamento com uma das filhas do industrial e ex-prefeito Pedro Moura Júnior lhe rendeu apoio e capital político-social, ampliando assim suas redes de contatos com políticos de renome e poder na capital, como Lamartine Távora e o Governador Paulo Guerra. Logo, se compreende os caminhos percorridos por José Mendonça até seu primeiro mandato para Deputado Estadual em 1966. José Mendonça foi um político da elite, de acordo com José Adilson Filho:

“De perfil menos carismático do que Cintra Galvão, a imagem de José Mendonça é construída pelos adversários como a de uma liderança “carrancuda” e “autoritária”, sendo sua relação com as camadas populares marcada pela distância. ” 

Representante da ARENA I em Belo jardim, já firmado como um político conservador, elitista buscou também através dos seus cargos para ampliar os negócios da família através da influência que o cargo de Deputado lhe oferecera. Os periódicos da capital vez ou outra publicava notícias referentes ao trabalho desenvolvido por José Mendonça em busca de crédito para as empresas da família, sobretudo a do cunhado Edson Mororó Moura. Crédito esse oriundo da SUDENE. As empresas da família chefiada por Edson Mororó Moura, as Baterias Moura, viria a ser seu aporte financeiro pra disputas políticas a nível Municipal e Estadual. O periódico recifense se refere a José Mendonça como “o candidato das Baterias Moura” .

A partir de 1966 quando eleito Deputado pela primeira vez viria a tornar-se  um dos homens mais influentes do Estado. Dentro do regime militar não obteve nenhuma vitória na disputa pelo Executivo Municipal. José Mendonça pode-se dizer que é cria direta do Golpe Militar, como corretor de imóveis do governador Paulo Guerra a partir da derrubada de Arraes, foi investido da missão de monitorar Belo Jardim. Fez carreira na política, construiu alianças e principalmente foi um dos responsáveis pela decolagem da principal empresa da sua família, a Moura.

 CINTRA GALVÃO: POLÍTICO DO POVO, POPULISTA E BRAÇO FORTE DA DITADURA EM BELO JARDIM

Francisco Cintra Galvão, depois de alcançar seu primeiro mandato em 1969, Cintra se afasta de José Mendonça, seu mentor político, e a partir daí projeta-se como líder em um novo grupo com um perfil político oposto daquele que seria adversário político, pelo menos nas disputas municipais. Cintra Galvão construiu uma imagem contraria ao seu adversário, José Mendonça, sempre se mostrou solidário as camadas populares da cidade, afirma José Adilson Filho: 

“O estilo paternalista na maneira de tratar as pessoas rendeu-lhe a amizade e a admiração de vários seguimentos das camadas populares. Consolidando para seus aliados a figura do Moisés, isto é, de um comandante imprescindível que “protege” e “acolhe” o povo da “violência” e da ganância” de seus adversários, mas que também os conduz ao progresso e a felicidade”  .

A popularidade de Cintra Galvão lhe renderam cinco mandatos na Assembleia Legislativa do Estado, tendo início essa trajetória política no ápice da Ditadura Militar. Para José Adilson Filho “como prefeito eleito pela Arena, mostrou fidelidade a Ditadura Militar, ambos disputavam a amizade e o prestígio de figuras como Marco Maciel e Roberto Magalhães”  . Eleito a primeira vez como prefeito de Belo Jardim no ano de 1969 pela Arena II, apoiou o golpe militar em todas as esferas, inclusive com festas comemorativas de aniversário do golpe. Conforme José Adilson Filho: 

“O apoio aos militares deu-se também através de festas comemorativas, como bem demonstra a lei No 31/69 que decretava um crédito de NCR$ 1.200,00 (mil e duzentos cruzeiros novos) para atender as despesas com as festividades do quinto aniversário da Revolução de 31 de Março de 1964” .

Cintra vestiu a capa do populismo como disfarce para entrar para a história não como um fiel escudeiro dos militares golpistas, mas como um líder das massas, o pai dos pobres da história de Belo Jardim. Até dos dias atuais Cintra usa e abusa do discurso populista, omitindo assim seu apoio total aos militares golpistas de 1964.

 A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA DOS ÓRGÃOS REPRESSORES DO REGIME MILITAR EM BELO JARDIM

Cintra Galvão foi prefeito duas ocasiões, a primeira vez entre 1969-1973, e na segunda oportunidade no período de 1989 a 1992, e em outros pleitos como líder do seu grupo político conseguiu eleger seus apadrinhados políticos, a exemplo do seu sobrinho Fábio Galvão (1977-1981), eleito pela ARENA II, para o mandato. Fábio Galvão em entrevista para a construção desta pesquisa afirma de forma risonha “Eu era da ARENA sim, mas era bonzinho”  . A música da campanha de Fábio Galvão denuncia o partido do qual fazia parte seu grupo político liderado por seu tio Cintra Galvão: 

Arena dois chegou, com uma renovação / É Valdeci pra vice e o prefeito é Fábio Galvão / É ele, é Fábio, o povo tem razão / É Fábio é ele, é Fábio Galvão .

O período governado por Fábio Galvão, sobrinho de Cintra, é compreendido como uma extensão do que seu tio vinha desenvolvendo em termos de infraestrutura para a cidade, contudo é também neste governo que percebemos as moedas de troca entre poder local e central, ou seja, o apoio ao governo ditatorial em trocas de benesses, conforme cita Adauto Guedes Neto:

Através das atividades políticas e atuação partidária analisada, percebemos características que se assemelham às praticadas pelo governo militar na cidade, seja através da ideia do desenvolvimentismo, associada ao crescimento econômico do país, seja através de um estilo conservador e truculento de administra a cidade e fazer política. 

Fábio Galvão foi ator central de um episódio que mais uma vez confirma a constante vigilância das autoridades militares em Belo Jardim, quando o mesmo recebeu ordens do Comando Supremo do Exército para exonerar o então presidente da Autarquia Municipal de Belo Jardim sob suspeitas de “práticas comunistas”, sobre esse fato Fábio Galvão nos relatou “Isso aconteceu, isso foi coisas dos Mendonças ” , levantando assim as suspeitas do Exército, resultando na ordem imediata de exoneração. O documento que comprova a fala do entrevistado encontra-se no arquivo do DOPS na cidade de Recife. Mais um fato que contribui para afirmar de forma categórica a vigilância dos Militares para com as cidades interioranas, neste caso, Belo Jardim, ou seja, estavam atentos a qualquer ato por mais que este não ameaçasse sua autonomia nestes micros espaços, o apoio dos líderes municipais não os faziam relaxar quanto a vigília.

Hoje é possível compreender as estratégias dos grupos liderados por José Mendonça e Cintra Galvão para preservar suas respectivas lideranças a nível Municipal e Estadual nos idos da Ditadura. Sim, eram adversários ferrenhos dentro do espaço que corresponde à cidade de Belo Jardim, porém alinhados e parte importante para a consolidação da Ditadura na cidade, sobre isso Adilson Filho afirma “Embora José Mendonça e Cintra Galvão divergissem no plano interno, faziam parte do bloco aliado ao Regime Militar que se instaurou em 1964”  ·. Os patriarcas e líderes políticos Cintra Galvão e José Mendonça sempre ocultaram os laços que os uniram, a aliança com a Ditadura Militar, no plano municipal sempre usaram seus discursos para se fizerem passar por adversários, contudo ambos se mantiveram em lados iguais no plano nacional, o jogo de inimigos políticos fazia parte de um script a ser seguido, talvez como obstáculo para o impedimento de novas lideranças que não fossem os mesmos.

Muitas foram às demonstrações, acenos e simpatia de ambos aDitadura Militar, não só como apoiadores dos soldados do golpe. Ambos foram anfitriões dos representantes da Ditadura em Belo Jardim, e este posicionamento lhes renderam capital político as suas famílias, o qual se estende aos dias atuais, porém a maior herança desse período herdada por ambos é o que Daniel Aarão diz “A cultura política autoritária, cuja vitalidade ninguém pode contestar tantos anos depois de fechado o período da ditadura militar”.

O MILAGRE ECONÔMICO EM BELO JARDIM: O RESPINGO DO GOLPE

A década de 1970 foi à coroação do Regime Militar em termos econômicos, por este motivo recebeu o nome de “O Milagre Econômico.Nesta fase acentuou-se o aumento das desigualdades sociais como reflexo da alta concentração da renda, bem como os níveis alarmantes de inflação na casa dos dois dígitos. O Milagre Econômico custou ao Brasil além de uma dívida externa, também grandes consequências para as próximas décadas, que se agravaria na década de 1980, conforme Daniel Aarão: 

“Neste país formou-se uma pirâmide social de distorções, em que concentração de renda e de poder chamava a atenção do observador mais desatento. E certo que o topo já enriquecido, enriqueceu-se ainda mais. e a base miserável mais miserável se tornou” 

O herdeiro do Milagre Econômico é a Década Perdida (1980), do ponto de vista econômico e social.

A grande euforia do Milagre Econômico atingiu Belo Jardim, e nesse período, imbuídos pelo slogan “Ninguém segura esse país”, a cidade passa por grandes transformações em diversas áreas. Belo Jardim começou a ser irrigado por recursos logo no alvorecer da Ditadura Militar, isso fica perceptível já no governo de Júlio Alves (1964-1968), com obras de infraestrutura que mudaria o aspecto rural da cidade, como alargamento de ruas, praças e hospitais. O despejo de recursos tem continuidade no primeiro governo de Cintra Galvão (1969-1973) com mais investimento em infraestrutura, ampliação da Rede Municipal de Ensino, inauguração da Escola Agrotécnica Federal  e melhorias no sistema de saúde e o considerado por todos e o grande feito de seu primeiro mandato, isto é, a criação do Primeiro Distrito Industrial às margens da BR 232, a Central de Abastecimento, Colégio Frei Cassiano de Comacchio. 

No governo foi de Sebastião Lopes (1973-1977) teve procedimento as obras de infraestrutura na cidade e na zona rural, inaugurou a FABEJA, foi no seu governo que a Palmeiron e MAFISA foram inauguradas e instaladas no Primeiro Distrito Industrial. 

Seu sucessor foi José Fábio Galvão (1977-1981), sobrinho de Cintra, administração que ficou pra história tradicional e na memória do povo como gestão   marcada pelo dinamismo administrativo em setores de saúde, educação, infraestrutura. 

Em 13 de Setembro de 1978 em edição especial o Diario de Pernambuco  dá ênfase ao cinquentenário de Belo Jardim, elencando as diversas obras inauguradas nesta década: A criação planejada do Bairro da Cohab I, o Centro Social Urbano, as obras da Barragem do Bitury,a implantação de industrias como a Palmeiron e Mafisa conforme acima citado, bem como a Central de Abastecimento e o Colégio Agrícola, conforme o jornal “ Cresce em ritmo acelerado, aproveitando bem sua vocação natural, através da implantação de novas industrias. Um progresso embasado igualmente num sistema educacional planejado” .Todas essas benfeitorias não por coincidência nem tão pouco vocação industrial da cidade, embora não podemos desprezar fatores que as facilitaram, mas é evidente que  o apoio dos grupos políticos da cidade a Ditadura resultou no sucesso do Milagre Econômico na cidade.

  E por fim, o último prefeito da “Era Militar” em Belo Jardim, mais um apadrinhado de Cintra Galvão, Valdecir Rodrigues Torres (1982-1988), sua administração foi à continuação do desenvolvimento no quesito infraestrutura, sobretudo na área urbana. Evidentemente que todas essas benfeitorias são fruto da recompensa dada pelos governos militares a conivência dos líderes políticos locais, conforme Adauto Neto: 

“Mas, sobretudo, percebemos que o aparato militar tinha seus representantes nas diferentes regiões do país, representados pela ARENA ou, posteriormente, pelo PDS, e os mesmos eram recompensados com diferentes formas de benefícios. O apoio tratava-se de obras públicas que eram encaminhadas à cidade, onde eram utilizadas para promover o poder executivo municipal e contribuíam par neutralizar quaisquer reações da população contra a administração local e cristalizar o discurso do desenvolvimentismo” 

. O elo entre Belo Jardim e os Militares se dava através de José Mendonça e Cintra Galvão em duas esferas, Municipal e Estadual, uma vez que José Mendonça ocupou o cargo de Deputado Estadual nesse período.

Para Adauto Guedes:

Conseguir recursos para a cidade e construir obras, tais como escolas, postos de saúde, praças, dentre outras, era necessário para que as práticas de perfil opressão não se tornassem evidentes, tendo em vista que o poder não se mantém apenas por prática de violência, mas, sobretudo, na troca de favores, no dar e receber, numa espécie de violência simbólica .

Durante este período, não apenas a cidade passou por um destacado crescimento, mas também as empresas das famílias Mendonça e Galvão,  segundo José Adilson Filho:

“A proeminência de José Mendonça Bezerra e de Edson Mororó Moura nas atividades político-econômicas locais ocorrera não apenas como fruto de seus talentos individuais, mas também como consequência dos compromissos assumidos com o Regime Militar”

As contradições geradas pelo Milagre a nível nacional também se fizeram presente em Belo Jardim, o acesso aos novos meios de produção através das fábricas recém-instaladas no Primeiro Distrito Industrial e Instituições Educacionais estavam disponíveis para uma pequena parcela da sociedade da época. Neste período a cidade estava abarcada com uma grande massa de moradores recém-chegados do campo, que se instalaram em localidades distante do Centro em condições precárias de sobrevivência. Foi neste cenário da década de 1970 que muitos migraram para o Centro Sul do País. O desenvolvimentismo gerado a partir do apoio a Ditadura favoreceu os líderes dos grupos políticos que se firmaram como construtores do progresso, ficando ocultadas assim suas alianças com o Militares golpistas de 1964-1985. 

A SUDENE A SERVIÇO DOS PATRIARCAS 

Apesar de não ter sido criada durante a Ditadura Militar, 1964-1985, a SUDENE (1959) desempenhou um papel fundamental para que os militares fortalecessem seus vínculos para com os políticos que não lhes ofereciam resistência. A SUDENE foi enfraquecida devido a seus objetivos terem sido redirecionados em favor das causas das elites rurais e oligárquicas. 

Esse órgão aparece na história de Belo Jardim-PE no período em tela sempre atrelada aos interesses dos grupos políticos de José Mendonça e Cintra Galvão, foi com o incentivo financeiro da mesma que ambos os líderes passaram a desempenhar ações políticas a empresariais, surgindo assim os primeiros empreendimentos destes políticos irrigados com recursos da SUDENE, a exemplo da fábrica Moura, Belasa pertencentes à família do então na época Deputado José Mendonça Bezerra e indústria no ramo da construção como as Cerâmicas de Cintra Galvão.

Os recursos adquiridos através da SUDENE pelos líderes políticos de Belo Jardim nesse período foram apenas uma das moedas de troca repassada aos mesmos como agradecimento pelo apoio, hospitalidade e conveniência dada aos militares. As empresas dos mesmos nunca vingaram com exceção da fábrica Moura que não foi administrada diretamente pelo grupo Mendonça, mas por seu cunhado, Edson Mororó Moura. Empresas que no plano municipal ficaram famosas pelas inúmeras vezes que decretaram falência.

AS FONTES: CONFIRMAÇÃO DA SUBSERVIÊNCIA DOS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO PARA COM A DITADURA

Belo Jardim, cidade que teve em seu processo de formação o catolicismo e o coronelismo como peças fundamentais para a construção do imaginário do seu povo. O período Militar veio reforçar este comportamento predominantemente conservador, uma sociedade com aversão às mudanças.

Podemos perceber a presença do autoritarismo, conservadorismo e a submissão a Ditadura Militar em diversas falas e ações promovidas pelo Poder Executivo e Legislativo a Ditadura, durante a vigência dos militares frente ao poder nos 21 anos em que governaram este país. A base da construção do pensamento da sociedade belojardinense não se construiu diferente do que se fez a Nação, ou seja, uma sociedade patriarcal, elitista, católica e moldada segundo os critérios do clientelismo e mandonismo.

Desde os tempos dos coronéis o poder público em Belo Jardim se manifesta como agente que preserva a memória de tempos autoritários. Podemos perceber essa prática através da nomeação de Avenidas, Ruas e Praças intituladas com nomes que nos remete aos personagens de cunho autoritário a nível Estadual como Agamenon Magalhães e Paulo Guerra, bem como os personagens locais que marcaram a fase da República Velha, isto é, os coronéis e os atores políticos que governaram durante o Estado Novo. Mas, o apoio e submissão aos Militares não se restringia apenas a singelas homenagens a personagens antidemocráticos. Por diversas ocasiões durante os 21 anos de Ditadura o Poder Público Municipal também fez uso das Instituições Municipais através da Prefeitura e da Casa Legislativa para externar sua satisfação para com a Ditadura Militar.

Os atos a que vem atestar essas práticas estão registradas em documentos oficiais, a principal são as Atas da Câmara de Vereadores da cidade. A leitura destas Atas nos permitiu fazer uma análise de discurso dos atores políticos que passaram pela Casa Custódio Ferreira Mergulhão, onde os mesmos, bem como prefeitos e autoridades municipais fizeram uso da Tribuna para apoiar, exaltar e enaltecer a Ditadura Militar e suas lideranças. 

No momento em que o Golpe Militar de 1964 foi consolidado o cenário político belo-jardinense tinha como prefeito Júlio Alves de Lira, a formação do legislativo segundo consta nas atas da Câmara com a seguinte composição: Custódio Ferreira Mergulhão, Presidente da Casa, José Batista dos Santos Aluísio Clemente de Souza, Luiz Feliz de Araújo, Maria das Mercês Oliveira e José Ramos da Silva. Há uma lacuna entre os meses que antecederam o Golpe e após o mesmo, por exemplo, a primeira sessão registrada em Ata depois de derrubada da Democracia consta de 22 de junho de 1964, ou seja, três meses, pois não  consta no arquivo da Câmara no qual pesquisamos.  

A primeira Ata que faz menção saudando o movimento golpista que derrubou João Goulart é a Ata registrada em março de 1969, quando o poder Legislativo realiza sessão solene para comemorar os cinco anos do que chamavam de “Aniversário da Revolução”, a sessão conta com a participação de diversas autoridades, além dos vereadores também se fizeram presentes membros do Exército, professores, comerciantes, representantes do Executivo e civis que ocupavam as galerias do recinto. Segundo consta na Ata daquele dia “O primeiro orador a usar a palavra foi o vereador João Torres Cordeiro, que registrou o período de desordem, reinante no Brasil, antes de Revolução de 31 de março”, um discurso afiado com as forças conservadoras que justificando sempre “a desordem” como motivo para derrubar um presidente eleito democraticamente.

As sessões com esse propósito se repetiram diversas vezes ao longo dos 21 anos de Governo Militar, as Atas registram a satisfação dos Poderes Executivo e Legislativo em apreciar os aniversários do Golpe, porém em 24 de julho de 1967 consta em Ata a comunicação em forma de ofício do então Prefeito Júlio Alves conclamando o Legislativo a participar da realização de uma missa na Matriz da Conceição local em sufrágio da alma do ex-presidente da República Marechal Castelo Branco ,este morto em acidente aéreo. Nesta mesma sessão o plenário da Câmara, o então vereador Airton Maciel:

“Propôs para constar da ata um voto de repúdio ao jornalista Hélio Fernandes pela atitude tomada em relação ao ex-presidente Castelo Branco e que se comunique ao comando do quarto Exército, o que se faz pela aceitação unanime do plenário”  .

Hélio Fernandez foi um dos jornalistas mais perseguido e preso antes e durante a Ditadura Militar, crítico fervoroso do Regime o mesmo usou o jornal de sua propriedade, “Tribuna da Imprensa” no dia 19 de julho de 1967 para externar sua satisfação com a morte do primeiro presidente Militar.

Hélio Fernandez pagou um preço alto por expressar sua opinião, foi preso, a repercussão foi grande tendo o repúdio as suas declarações chegado a Belo Jardim. De acordo com a análise das atas percebe-se que os acontecimentos a nível nacional não passaram despercebidos principalmente pelos atores políticos que compunha o cenário político da cidade, ou seja, o poder Legislativo acompanhava de perto cada acontecimento a nível nacional e fazia questão de registrar apoio ou repúdio aos mesmos, sempre se alinhando aos Militares.

Já nos idos de 10 de outubro de 1968 consta na Ata um projeto de lei que objetivava a mudança de nome das Praças por nomes de personagens de destaque da Ditadura Militar, bem como de aliados do mesmo, não importando a nacionalidade dos próprios, todavia a proposta apresentada no projeto foi rejeitada pelo plenário da Câmara, assim consta registrado na Ata: “Projeto substituindo as denominações das praças D. Luiz e Fernando de Abreu para Alencar Castelo Branco e Irmãos Kennedy, respectivamente, foi rejeitado por unanimidade” . 

O discurso moralista de anticorrupção no qual se embasaram os setores que organizaram a tomada do poder em 1964 se fez presente também na Casa Custódio Ferreira Mergulhão através da fala dos Arenistas Geraldo Gomes dos Passos e Eduardo Gomes de Araújo: 

O momento político administrativo quando o governo do excelentíssimo Marechal Costa e Silva, em coesão completa com as Forças Armadas, vão erradicar a corrupção setorial e mais vícios de uma política-administrativa, até ontem antes do Ato Institucional N 5, tendente completamente a irresponsabilidade com a coisa púbica .

O nono aniversário da Revolução foi o segundo a ser comemorado pelos poderes Executivo e Legislativo, a sessão que tratou de homenagear a data foi marcada pelos discursos que reforçavam a importância da chamada Revolução. O então vice-prefeito Eduardo Gomes de Araújo na presença do prefeito Cintra Galvão proferiu conforme conta na Ata as seguintes palavras “os tempos analegam os bons trabalhos da Revolução. E que o movimento de 31 de março é significante para o nosso povo” .

Durante os anos do governo dos Militares o nacionalismo foi exaltado e datas como a Independência foi mais uma oportunidade para reforçar o espírito patriótico alimentado pelos militares, em 1972 mais uma vez Câmara e Prefeitura organizaram sessão solene para enaltecer o papel dos militares bem como os símbolos nacionais em presença de autoridade do Exército como o Tenente José Eduardo Cavalcante Bernardo que: “Faz questão de citar a valiosa a contribuição que o Exército vem prestando” . É notório que o uso da retórica em defesa dos militares não se restringia apenas a datas simbólicas, em algumas ocasiões a Câmara proferiu palestras sobre a temática ligada a “Revolução” convidando para o ato diversos palestrantes sempre elencando os pontos positivos da Ditadura Militar, bem como consta nas atas sempre elogios aos presidentes militares.

Em uma sessão solene onde se comemorou os 12 anos da “Revolução” convidou-se para palestra um Professor de nome Elny Sampaio onde o mesmo justificou as causas da tomada do poder pelos militares, negando a forma violenta que derrubou a democracia. Percebe-se o esforço do Legislativo em encontrar meios de externar seu apoio aos militares. Os Vereadores cumpriram o papel de agentes da repressão, não praticando violência física, mas reforçando o discurso de que o período 1964-1985 foi benéfico para a Nação, bem como para a cidade. 

Os poderes Executivo e Legislativo da cidade estiveram alinhados aos militares durante a vigência da Ditadura. A Câmara Municipal foi o parlatório dos atores políticos que compuseram o cenário político da cidade. A satisfação bem como o apoio aos rumos do País dado aos militares se faz presente no registro das atas e em atos públicos de caráter inaugural, lá estava um militar fardado ao lado dos políticos e do Clero da cidade. 

O apoio a Ditadura Militar não se restringia apenas a retórica registrada em Atas, mas na presença de figuras do Exército dentro da Câmara e em solenidades do Executivo. Os resquícios dessas práticas são observados até dos dias atuais, igualmente a bipolarização política dos patriarcas das famílias Mendonça e Galvão. De 1966 até a abertura democrática, Cintra Galvão e José Mendonça encenaram um teatro que por décadas convenceu o povo de que eram inimigos, mas na verdade possuíam afinidades políticas, estavam do mesmo lado quando as cortinas dos palanques eram fechadas e os mesmos dividiam esse espaço, “dançavam no mesmo baile” desnudos do rótulo de elitista e populista, disputando apenas quem mais servia aos interesses da Ditadura Militar em Belo Jardim.


Texto : 

Cibele Santos ( Esp. HISTÓRIA- AEB)

E. S. B  ( Esp. HISTÓRIA-AEB) 



60 Anos de 1964: Mulheres,Democracia e Capitalismo.

Democracia em tempos de tentativa de golpe: O efeito para às mulheres. 

Felizmente o golpe articulado pelo ex presidente Bolsonaro não foi concretizado. Uma correlação de forças, sobretudo vindas das urnas foram determinantes para que alguns generais compreendesse a nocividade do que poderia culminar na primeira ruptura institucional desde 1988. 

Hoje, completa-se sessenta anos do golpe militar de 1964. É preciso lembrar pra não esquecer. Não esquecer sobretudo da resistência feminina daquele período macabro ,vergonhoso e violento da história do nosso país. Podemos citar aqui o nome de diversas mulheres que resistiram, que foram mortas e ou torturadas nos porões do DOPS. A mais espetacular dela: Dilma Rousseff ,hoje ocupa a presidência de uma dos maiores Bancos de agrupamento do Mundo. 

A Democracia é a forma de governo ocidental que garante mínimas condições para o desenvolvimento de todos os humanos, não é perfeita, mas sem ela, há uma certeza de que Mulheres e Crianças serão sempre as primeiras vítimas de sua ausência. Um exemplo bem atual é o genocídio imposto por Israel na Faixa de Gaza, onde 30 mil civis já morreram, sendo 25 mil destas vítimas Mulheres e crianças,segundo o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin. 

A professora Doutors Christine Peter da Silva afirma : “Falar em um Estado constitucional feminista é falar de uma democracia plena, de uma democracia pronta. Sem as mulheres, essa democracia vai ser apenas um projeto, uma esperança, uma vontade e nunca vai ser algo realmente pleno”. Ainda citando Dilma Rousseff quando a mesma após o golpe parlamentar de 2016 afirmou de forma categórica após ser deposta " A luta por Democracia não tem hora pra acabar".

A Revolução Feminista no início só século XX ,segundo o historiador Eric Hobsbawm " foi a maior revolução do século XX", ficando atrás até mesmo da Revolução de 1917, porém capitalismo não rima com Democracia,  o mesmo é desigual machista, elitista. E no Ocindente,ainda é religios. Esses pilares são bases para opressão da mulheres. O exemplo disse é que para participar do jogo político,  muitas sufragistas perderam suas vidas, foram presas e torturadas. A Democracia tem muitas faces, e nenhuma dela é feminina ou feminista . 

Avante! O século XXI entrou no seu primeiro 1/4 e já assistimos ,desta vez mais forte pelas redes sociais a constante ameaça da extrema direita que tem como principal alvo a pauta dos costumes , que atinge em cheio o direito das mulheres. 

Democracia implica em igualdade, pensando nisso o governo Lula aprovou uma Lei onde equipara salários ,nenhuma mulheres poderá receber menos que um homem exercendo a mesma função. Conquistas como esta só é possível dentro de uma Democracia é com governos progressistas. 

É hora de resistir,mas também de lutar. Viva a Democracia simbolizada pelas Mulheres como na Revolução de 1789 na França. Viva Às Marianas! 



Texto : Cibele Santos ( Esp. em Ensino de História e em História do Brasil) 

sábado, 30 de março de 2024

Maria Brayner : Resistência em BJ em 1964

Maria Brayner do Rêgo Barros: Mulher,Mãe e esposa de Hugo ( perseguido,preso e torturado pela Ditadura de 1964-1985) . 

* 19/04/1924 

+ 31/05/1996

Maria Brayner do Rêgo Barros, era filha de Rozenda e Severino e faria 100 anos em 2024. Foi casada com Hugo do Rêgo Barros, nascido em 13/09/1906, e com ele teve 09 filhos que viveram: Rui, Ruth, Hugo, Luiz Carlos, Rilma, Rina, Maria da Conceição, Maria do Carmo e Petrônio. Hugo, por sua vez, era viúvo e já tinha dois outros filhos, Ivan e Lourdes, formando assim uma grande família extensa, comum nos dias de hoje. 

Hugo era servidor público do estado e trabalhava no departamento de produção animal. Era ligado ao movimento das Ligas Camponesas, que foram organizações de camponeses formadas pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) a partir de 1945. Foi um dos movimentos mais importantes em prol da reforma agrária e da melhoria das condições de vida no campo no Brasil. Elas foram estabelecidas em vários municípios do país, entre os trabalhadores rurais de todo tipo (pequenos agricultores familiares, parceiros, Sem-Terras, assalariados e diaristas) com dois objetivos: o primeiro era aumentar o número de eleitores do PCB, o segundo era identificar os interesses da classe e organizar a luta ao seu favor. Em 1947, elas entram na ilegalidade, de acordo com a postura do Brasil, favorável aos interesses americanos e contra ideias socialistas. Dessa forma, as Ligas passam a sofrer com a invisibilidade e perseguições, sendo assim silenciadas. Elas só voltariam a agir em 1954. 

O segundo período de existência começou no engenho Galiléia, na cidade de Vitória de Santo Antão, em Pernambuco (PE). Foi formada então a Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP), que tinha três fins específicos:

1. Auxiliar os camponeses com despesas funerárias — evitando que os falecidos fossem, literalmente, despejados em covas de indigentes ("caixão emprestado")

2. Prestar assistência médica, jurídica e educacional aos camponeses

3. Formar uma cooperativa de crédito capaz de livrar aos poucos o camponês do domínio do latifundiário

Mas a SAPPP foi logo acusada de objetivos políticos socialistas e, proibida de agir na região, foi atacada para ser dissolvida à força. Seus integrantes, porém, resistiram e encontraram apoio jurídico para institucionalizar a associação, atuando legalmente a partir de 1955. Até 1964, com o Golpe Militar, as Ligas sofreram ainda com perseguições e com a instalação do militarismo, vários líderes e membros foram assassinados, presos ou tiveram que fugir, e nessa época as Ligas foram extintas. 

Feita essa singela contextualização histórica, voltemos a Hugo e Maria, vivendo na pacata Belo Jardim dos anos 60, com seus filhos. Uma vida tranquila, exceto pelo temor vivenciado pela família, amigos e vizinhos, decorrentes das diversas buscas realizadas pelo Exército ao “comunista subversivo”. Dizem as boas línguas, que ele costumava orar para São Cipriano e graças ao rezo, se tornava invisível diante dos olhares inquisidores dos militares. Outras histórias sobre seus esconderijos, já ouvimos também, como por exemplo uma que nos contaram sobre uma dormida na caixa d’água de uma casa na zona rural. Das despedidas silenciosas e cordiais, àquelas famílias que o abrigaram. 

Mas essa história é sobre Maria, que numa das fugas de seu companheiro, foi detida pelo Exército com seus filhos a tiracolo, todos menores de idade, e levados ao Tiro de Guerra, localizado em Caruaru – PE, onde passaram um dia inteiro e uma noite à espera de seu Hugo, numa tentativa de que ele aparecesse. Só depois de todo esse tempo e após suspeitarem de que ela estaria grávida, devido ao seu porte físico, todos foram devolvidos a sua casa. As crianças da época, que hoje já são avós, lembram desse dia vividamente. Da sensação de cada aviso que os vizinhos davam sobre a aproximação do exército. Lembram também de como a dinâmica familiar foi profundamente alterada, quando numa possível nova perseguição, Hugo foi transferido para Petrolina em seu trabalho (eram comuns tais transferências, fazendo com que a família migrasse constantemente, para que seus ideais não se expandissem), deixando para trás sua esposa e filhos dessa vez. Lá, em 19/11/1965 ele faleceu por um distúrbio cárdio-circulatório, como consta em sua certidão de óbito, sendo enterrado sem a presença de sua esposa, que lá só conseguiu chegar dois dias depois do óbito. Seu corpo nunca veio para casa. 

E com essa literal última cartada, o Governo Militar mudou a vida de Maria e de seus filhos. A mesma foi lotada na cozinha do antigo Colégio Agrícola, tendo que sair de casa para trabalhar e manter sua prole. Os filhos mais velhos também saíram de casa a trabalho, com o intuito de auxiliar na renda e os demais, ainda crianças, se revezavam no cuidado da casa e nas lições da escola. Uma vida com restrições e muito apoio coletivo, dos amigos, das amigas, das comadres, uma rede de suporte materno que prevalece até os dias de hoje, passadas décadas, presentes na memória de cada contemporâneo belojardinense.

A história de Maria deveria ser a história de uma mulher corriqueira e de uma família comum, não de uma guerreira que precisou ter resiliência e mais força do que gostaria, endurecida pela vida. A história de Maria se repetiu em diversos contextos familiares, que tiveram suas vidas invadidas, modificando a participação social dos mesmos e suas práticas cotidianas. Ao longo das trajetórias de militância, os familiares formaram verdadeira rede de comunicação e apoio na busca de informações. A participação feminina nos movimentos de denúncia e combate ao regime, bem como, pela garantia dos direitos de parentes presos, mortos ou desaparecidos, promoveu modificações no lugar social da mulher, impactando os cenários públicos e privados, o que ainda repercute no tempo presente.

Como na Argentina, no caso das Madres da Plaza de Mayo, onde as mães foram às ruas em busca de justiça por seus filhos silenciados pelo regime ditatorial, no Brasil não foi diferente. Mães, esposas, filhas e tantas mais enfrentaram generais, em passeatas e outros atos. Essas mulheres promoveram a atuação (seja própria ou de suas herdeiras) em lugares públicos ainda desconhecidos, possibilitando o crescimento do espaço e visibilidade da atuação feminina.

Em 18 de novembro de 2011, a então presidenta Dilma Rousseff (PT) promulgava a Lei 12.528, que instituiu a Comissão Nacional da Verdade (CNV) para investigar as violações de direitos praticadas pelo Estado entre 1946 e 1988, com foco nos 21 anos de ditadura militar. A CNV foi um órgão temporário criado pela Lei 12.528 e encerrou suas atividades em 10 de dezembro de 2014, com a entrega de seu relatório final. Nele, a comissão elencou 434 pessoas como mortas ou desaparecidas durante a ditadura militar. O relatório aponta 377 agentes de Estado como responsáveis por graves violações contra os direitos humanos, tais como sequestros, torturas, assassinatos, desaparecimentos forçados, violências sexuais e ocultação de cadáveres.  

Em 1º de Junho de 2015, o Sr. Hugo foi anistiado pela CNV, um documento exigido pelas suas filhas e filhos, que sai em nome da filha de dona Maria, a Sra. Rilma Brayner de Barros Pereira, que atuou juntamente a outra mulher, amiga e advogada Kátia Costa, para garantir tal justiça póstuma. Mulheres em defesa de seus pares, de uma vida digna para todas e todos e da democracia. Tal lição foi apreendida e mantida, perpassando gerações e chegando até aqui, pelas mãos desta que vos fala, chegando aos ouvidos e aos corações dos bisnetos, dos tataranetos de dona Maria e de seu Hugo e dos que virão.

 

Parafraseando outra grande mulher, também intimamente transformada pelo regime ditatorial, Dilma Rousseff: “A verdade não abriga o ressentimento ou o ódio, mas tampouco implica o perdão, a verdade é tão somente o oposto do esquecimento. Ela é o direito de conhecer. É a capacidade que temos de contar o que aconteceu”.  


Texto: Centro Cultural Vaca Profana 








 


terça-feira, 26 de março de 2024

Auribete Costa: Uma Mulher do Campo.

Auribete Siqueira Costa, é uma leoa na defesa das causas da agricultura familiar e, principalmente pelo de reconhecimento do trabalho da mulher no campo. 


Na nossa opinião de Beth como é conhecida, o trabalho da agricultora precisa ser reconhecido também como produtor de geração de emprego e renda. Ela e Assistente Social de formação, membro do SINTRAF Sindicato dos Trabalhadores da AGricultura familiar, foi uma das responsáveis pela feira da agricultura famíliar da nossa cidade em parceria com Cáritas Diocesana e o STR. Na cidade de Garanhuns/PE ela também contribuiu com a organização da feira em parceria com a UFRPE.


"...minha luta sempre será para que a mulher agricultora tenha seu verdadeiro valor, pois na agricultura familiar ela é a protagonista e precisa ser reconhecida como tal..." (Auribete).


Ela tem 56 anos, mãe de três folh@s e a avó de Helena.



segunda-feira, 25 de março de 2024

Governo Lula: Mais dinheiro no bolso do povo

 MAIS DINHEIRO NO BOLSO DAS FAMÍLIAS


Em 2023 o Brasil teve a maior renda dos trabalhadores desde 1995, o desemprego caiu ao menor nível desde 2014 e a inflação voltou para dentro da meta.


📝 *Quer saber como? A gente conta* 👇


🪙 *Valorização do salário:* Aprovação da política de valorização permanente do salário mínimo. Aumento de 6,97% em 2024, 3% acima da inflação. Reajuste de 9% para servidores públicos federais.


👨‍👩‍👧‍👦 *Bolsa Família mais forte:* Aumento no valor do benefício, aumento da proteção a criança, adolescentes, gestantes e nutrizes. Maior valor médio pago (R$ 680) e maior número de pessoas atendidas da história (21,3 milhões por mês) em 2023.


📊 *Isenção do imposto de renda para quem recebe até dois salários mínimos:* Teto da isenção estava congelado desde 2015.


💲 *Auxílio gás:* Cobre o valor integral de um botijão de gás a cada 2 meses para famílias inscritas no CadÚnico. Mais de 5,5 milhões de famílias beneficiadas (Fevereiro/2023).


🧶 *Desenrola, Brasil:* Programa do Governo Federal para reduzir endividamento da população. Mais de 12 milhões de brasileiros renegociaram suas dívidas com descontos de até 98% (Fevereiro/2024)


📚 *Desenrola do FIES:* Mais de 227 mil beneficiados no programa de renegociação de dívidas de estudantes com o Financiamento Estudantil (Março/2024).


⛽ *Nova política de preços de combustíveis:* A Petrobras mudou sua política de preços sem perder competitividade. Assim que foi implementada, a nova política causou redução nos preços de combustíveis e gás de cozinha, importante no controle da inflação.


🏘️ *Quitação do Minha Casa, Minha Vida para famílias de baixa renda:* Retomada do programa em 2023 com financiamento quitado para as famílias que recebem o Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada.


👫 *Lei de Igualdade salarial entre mulheres e homens:* Sancionada em 2023, determina que sejam aplicados os mesmos salários e critérios de remuneração para homens e mulheres que ocupem a mesma função ou exerçam trabalho de igual valor.


🧦 *Pé de Meia:* Lançamento da poupança para incentivar estudantes a concluírem o Ensino Médio.


👩‍👦‍👦 *Amparo às vítimas de violência e seus filhos:* Mulheres vítimas de violência em situação de vulnerabilidade social passaram a receber auxílio aluguel e têm prioridade no atendimento pelo Sistema Nacional de Empregos. Os filhos menores de 18 anos das vítimas de feminicídios devem receber pensão de 1 salário mínimo por mês.


👷 *Geração de empregos:* Com o Novo PAC, aumento de investimentos e do crescimento do país, a geração de empregos e renda aumentou no país.


*Com um pouco de sorte e um monte de trabalho, o Brasil segue avançando no rumo certo!*




Fonte: Governo Federal 

quinta-feira, 21 de março de 2024

Bolsonarismo: A Praga se aproxima da Papuda.

O Bolsonarismo é uma praga, assim como o nazifascismo do século passado. Felizmente foi derrotado nas urnas em 2022. Porém, tende a evaporar quando seu líder for preso pelos diversos crimes que cometeu enquanto ocupava o Palácio do Planalto ,deixando um cheiro de enxofre na bela obra de arte de Oscar Niemeyer

O discurso dos candidatos que representarão a praga bolsonarista na história recente do nosso país é o mesmo usado por fascistas : família, Deus , liberdade. Mas a única família que Bolsonaro defendeu foi a sua, os únicos que enriqueceram no seu governo foi ele e seus filhos. Não por  acaso todos os filhos do ex- presidente respondem por processos na justiça: O 01,02,03 e o filho da amante do primeiro casamento ,o tal  do 04. 

O toc toc da PF com a ordem de prisão se aproxima e apavora a família que responde por rachadinhas, roubo de joias, tentativa de Golpe de Estado e falsificação de cartão de vacina. Por enquanto, vamos assistir  o todo poderoso e terror dos tios e tias do zap,  Alexandre de Moraes , cozinhar Bolsonaro em água morna , igual se faz com sapos. 




Mulheres : Somatório e Compromisso de Lutas

Mulheres, somatório e compromisso de lutas: 

Por Elisângela Coêlho da Silva

 Me reconheço uma mulher negra carregando, em minha própria existência, o somatório de existência e resistência de minhas ancestrais. Sou resultado dos inconformismos, das lutas, enfrentamentos e desobediências de todas elas. Neste país de estrutura patriarcal e racista minhas avós, tias e mãe têm histórias muito marcadas pelos sofrimentos, opressões e todas as interseccionalidades que cruzaram essas mulheres originárias do campo e de ascendência negra e indígena. A falta de oportunidades esteve também relacionada a dificuldade de acesso a educação. De modo que assistir ao premiado curta-metragem do diretor Márcio Ramos intitulado VIDA DE MARIA, remeteu-me a história das Marias da minha própria família.

Apenas na minha família materna encontro uma única tia, a Maria de Lourdes, caçula de quatro irmãs que rompe o ciclo da falta de acesso à educação, conseguindo formação profissional e curso superior. Sua oportunidade de estudo resulta, no entanto, da rebelião de suas três irmãs mais velhas que confrontaram meus avós, exigindo que a caçula não fosse abrigada ao trabalho, podendo assim se dedicar aos estudos.

Minha mãe, Maria da Conceição, estando entre as três mais velhas não teve garantida para si tal oportunidade. Seu sonho de estudar e se tornar professora não pode ser realizado. De modo que foi empregada doméstica, costureira, operária... Com poucas e curtas experiências de carteira de trabalho assinada e direitos trabalhistas garantidos. Dedicando-se enfim a educação dos cinco filhos. Crescemos aprendendo o seu gosto pelo estudo e vendo-a projetar para a prole seus sonhos interrompidos.

Essa mulher a quem a vida negou as oportunidades que lhes eram de direito, comprometeu-se com muito fortemente com a nossa educação, fazendo tudo que esteve ao seu alcance para nos garantir as oportunidades de estudo que ela própria não teve. Responsável por minha autoestima intelectual. Convencendo-me, desde a mais tenra idade, do quão inteligente e capaz eu era. Recebi como herança o seu gosto pelo estudo e desafio intelectual e, sobretudo, a consciência de outras antes de mim não tiveram essa oportunidade. Certamente por isso sempre estudei com muito gosto. Compreendendo cada degrau como conquista.

Dificuldades foram muitas. Pedras no caminho... incontáveis. Mas sempre tivemos a força de minha como suporte. Eu e minha irmã seguimos a carreira de professora, como escolha, opção consciente. No Ensino Superior fiz Licenciatura em História. E dessa vez, a escolha do curso foi influenciada por outra mulher negra, a professora Mercês Costa. Foi com ela que percebi que o exercício da profissão poderia e deveria estar associado ao compromisso com a sociedade que queremos construir e essa consciência tem direcionado e dado sentido ao meu trabalho diário em sala de aula.

Me reconhecer como uma professora negra significou obviamente aguçar a sensibilidade para o desafio das questões raciais e de gênero no ambiente escolar. Mas aprendi que sensibilidade apenas não resolveria o problema, não me ajudaria na construção de intervenções educativas. A necessidade de formação de uma barragem intelectual e de um referencial teórico para o trabalho pedagógico com esses temas sensíveis fez a professora se tornar pesquisadora.

E, consequentemente, ser a primeira pessoa da minha família a cursar um Mestrado. Para o PROFHISTÓRIA (Programa de Mestrado Profissional em Ensino de História) levo a temática da Educação das Relações Étnico-Raciais e dos Direitos Humanos e o referencial teórico dos Estudos Pós-Coloniais que marcam a minha produção acadêmica. Destinada a ajudar outros professores e professoras de História do Ensino Médio, modalidade na qual atuo como professora, no trabalho com as referidas temáticas.

Como historiadora, pesquisadora e educadora negra busco assumir o compromisso com as minhas ancestrais, mas sobretudo com as futuras gerações, com a juventude e sua educação para a construção da sociedade que desejamos. Na qual a diversidade não rime com opressões e desigualdades.

Sigo comprometida com as lutas, existências e resistências de todas as mulheres negras que afirmaram e reafirmaram a diversidade de tonalidades e as interseccionalidades da luta das mulheres. Para que unidas possamos fortalecer a luta das mulheres de todas as cores, de todos os tons, todos os credos, de todas as orientações, de todos os gostos.




Curta-metragem Vida Maria 

Texto: Prof. Mestre Elisângela C.


terça-feira, 19 de março de 2024

Maria do Rosário: Dona de uma voz forte.

Maria do Rosário Mendes da Silva Santos: A dona de uma voz forte carregada de ternura.

Nos encanta com o seu canto desde a década de 70 quando se apresentou pela primeira vez em Belo jardim na festa do padroeiro, estreou com a música Paralelas do grande Belchior. "... Do ponto de vista técnico, Rosário nasceu pra cantar, tem uma voz linda, afinada, tem domínio de palco e de uma sensibilidade musical impar..." (Maestro Mozart Vieira da Fund. Meninos de São Caetano). 


Quando começou era apenas uma menina de 16 anos cheia de sonhos e da certeza que poderia ser tudo o que quisesse. Enfrentou a carga de preconceito cantando nos bailes da vida. Nada a abalou ela entendia a força da sua voz.


Enfrentou o mundo, só não conseguiu muito enfrentar a dor de ter perdido uma filha ainda na primeira infância.Ela nasceu em 16 de outubro de 1956, casou com Demas Santos, fundador do conjunto musical Super Star.


Tem 3 filhos Aninha, Cinthia, Arthur e um neto, Antônio Marcos.


A musa do super star, talvez bem tenha consciência do tamanho da sua força e da importância do seu trabalho para vida de outras tantas mulheres. Ela foi e é fonte de inspiração.


Dona Rosario hoje quem abre os braços pra você somos nós.





Primeira apresentação 

 



segunda-feira, 18 de março de 2024

Adoção,Mulheres e Educação Por Tatiana Valério.

Adoção,Mulheres e Educação por Tatiana Valério :


A adoção é uma forma autêntica de construção de parentalidade. Eu diria mais, só pela adoção, entendida como acolhimento, aceitação, cuidado e afeto, que as relações filiais e parentais ocorrem. E nesse contexto, as mulheres, de um modo acentuado, sempre estimulam e iniciam os processos demandados – psicológicos, legais e sociais, que culminam na adoção de crianças e adolescentes, criando assim, famílias de verdade. Os homens, comumente, primeiro significam a adoção como uma forma de atestar sua não-virilidade, revelando o peso que a sociedade os impõe. Mas isso vem mudando paulatinamente.

 No Brasil, um trabalho educativo permanente tem sido realizado pelos grupos de apoio à adoção e os frutos estão sendo colhidos hodiernamente. É possível perceber mais homens engajados ao longo da construção e vivência do projeto adotivo. Todavia, sem dúvida, a participação feminina ainda é muito maior, inclusive nos casos de adoção monoparental (quando um adulto adota sozinho). 

 Um movimento feminino é visto não apenas no protagonismo das famílias por adoção, mas também no movimento pró-adoção formado pela sociedade civil que busca orientar, preparar e acompanhar todo o processo de adoção legal que ocorre em território nacional, através de grupos de apoio à adoção (GAAs). A presença feminina nesses espaços reforça o papel multifacetado da mulher na construção da família, em especial da prole, ao longo do tempo. 

 A culpa do nascimento de meninas e não de varões era atribuído à mulher; também quando não engravidada recebia sua condenação. E hoje, mesmo havendo dispositivos legais que acabam por obrigar a participação mais ativa dos homens no processo de habilitação à adoção, é possível testemunhar (através do trabalho dos GAAs) uma presença ativa muito mais feminina nessa dinâmica, inclusive no que se refere à participação nas reuniões obrigatórias ou no contato com membro(a)s dos GAAs. Mas a educação oportuniza grandes mudanças a longo prazo, e hoje o homem tem aprendido com a mulher, que parentalidade diz respeito a laços afetivos e não somente biológicos, e que eles podem se tornar pais pela adoção, com a mesma intensidade e plenitude que qualquer outro relacionamento entre pais e filhos.

Tatiana Valério

Mãe por adoção, militante e pesquisadora da adoção, doutora e mestre em psicologia Cognitiva.

Mulher que Inspira: Luciana Vieira Monteiro

 

Mulher que inspira Por Centro Cultural Vaca Profana:

Essa é Luciana Vieira Monteiro Azevedo, foi na década de 1970 que Luciana deu as caras nesse mundo, e desde cedo desenvolveu uma capacidade ímpar de cuidar. Quis o destino que por aptidão concorresse a dois concursos públicos na área de educação ( Matemática) e com brilhantismo e inteligência foi aprovada. Tendo assim que lecenionar 400 horas na sua carga horária. É para as fortes! 
 
Como boa geminiana tem seu foco no mundo das ideias, porém é surpreendida com a forma como as coisas se dão na realidade. É determinada e firme com seus propósitos , todavia RESILIENTE e CUIDADOSA. 
É católica praticante, professora tendo mais de mil alunos . Está na educação há 30 anos , mãe de três adolescentes os quais ela os prepara cuidadosamente para a vida.
Seu filho, Marcos Azevedo, recentemente apresentou uma pesquisa para seu TCC com a temática : VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NAO TEM DESCULPA, TEM LEI. 
Marcos se inspirou no exemplo da própria mãe, a Luciana, que é recatada, do lar, e do mundo  da militância da causa da ADOÇÃO. Luciana transformou essa causa na sua bandeira de luta, sendo uma das FUNDADORAS  do GRUPO DE ADOÇÃO E APADRINHAMENTO, o GAAP, com sede na cidade de Caruaru-PE.

Eita que Mulher Inspiradora!

Texto:  Centro Cultural Vaca Profana





domingo, 17 de março de 2024

Atenção: Vacina contra HPV previne câncer e está disponível no SUS.

Desinformação e preconceito: vacina contra HPV previne câncer, mas adesão no Brasil segue abaixo da meta.


Vacina contra o HPV está disponível no SUS para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. Mesmo sendo gratuita e protegendo co8ntra diversos tipos de câncer, a vacinação ainda não atingiu os índices esperados no país, principalmente entre os meninos.

Uma vacina que previne câncer disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) de graça. Sonho? Não. Ela já existe. Estamos falando da vacina contra o HPV, um vírus associado a mais de 90% dos casos de câncer de colo do útero e fator de risco para desenvolvimento de câncer no ânus, pênis, vulva, vagina e de cabeça e pescoço (uma região conhecida como orofaringe).

O imunizante está disponível no SUS desde 2014, quando foi incluído no Plano Nacional de Imunizações (PNI). Primeiro, foi oferecido só para meninas. Os meninos entraram para o público-alvo em 2017.

No entanto, mesmo sendo gratuita e protegendo contra diversos tipos de câncer, a vacinação ainda não atingiu os índices esperados no país, principalmente entre os meninos (veja os números mais abaixo). Segundo especialistas, entre as motivações estão a desinformação e o preconceito.

Depois da vacina contra a Covid-19, a da HPV está no topo da lista dos negacionistas e do movimento antivacina, segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). Eles justificam, por exemplo, que o imunizante pode estimular uma vida sexual mais precoce.







Fonte: globo.com/G1

Centro Cultural Vaca Profana, Belo Jardim Histórico e Blogger Diário do Bitury fazem parceria.

Centro Cultural Vaca Profana, Belo Jardim Histórico e esse Blogger fazem parceria


Esse Blogger acompanha o Centro Cultural Vaca Profana desde 2011, quando a Vaca era só um Bloco de Carnaval (2011-2015). O objetivo da Vaca Profana foi expandir o protagonismo feminino quebrando, inclusive alguns valores enraizados culturalmente na nossa sociedade,uma vez que a Vaca Profana é uma versão do Bumba meu Boi, um folguedo culturalmente masculino. Ao longo desses anos , a Vaca Profana vem valorizando o fazer artísticos das Mulhres e grupo, apresentando a cidade grupos musicais composto majoritariamente por Mulheres. 

Belo Jardim saiu na vanguarda dessa questão,pois no Brasil até o ano de 2014 só existia esse brinquedo popular na versão feminina. Mas em 2021 surgiu o BUMBA MINHA VACA no Pontal da Barra em Maceió-AL, e em 2022 o BUMBA MINHA VACA CHARMOSA, em Tutoia- MA. 

Como ainda estamos no mês das Mulheres, Março, a Professora Adilza ( Uma das fundadoras do Vaca Profana) , nos fala sobre as atividades em comemoração ao 8M : 

- "Toda Mulher precisa caber no 8 de Março". Com estudos,debates internos, divulgação nas redes sociais e participação, (quando convidados) em toda atividade realizada na nossa cidade, por que segundo Adilza " acreditamos que todo lugar pode ser palco de expressão e mobilização para o empoderamenro feminino " .

Sobre nossa parceria , nós que fazemos o BJ Histórico e esse Blogger só temos a agradecer pela confiança em levar aos leitores de de Belo Jardim mais sobre cultura, cidadania, educação e empoderamento. 










Belo Jardim: Desafios econômicos

Belo Jardim: Desafios e Potenciais da Economia no Coração do Agreste Belo Jardim, cidade localizada no Agreste pernambucano, com cerca de 76...